Escorpião é o signo de queda da Senhora da Noite. Signo fixo, o que remete à necessidade de permanência e constância, do elemento água que por sua vez é inconstante e incontrolável como as emoções e o desejo. A Lua é aquilo que alimenta, as memórias, o aconchego e o pertencimento, e em Escorpião sua natureza não se realiza já que aqui a fome jamais é saciada. O alimento, sempre insuficiente, é o veneno que exige sempre mais.
Esse permanente estado de tensão, de fome, é interpretado como uma má vontade do mundo em relação às necessidades e não como uma condição interna: o Outro, visto como detentor daquilo que é necessário à satisfação, nega alimento, seja ele amor, atenção, sinceridade, cuidado ou qualquer outra coisa dessa ordem – uma traição. A realidade incerta é a certeza de que o pior, a negação dos desejos, de alimento pelo mundo ou pelo do outro acontecerá uma hora ou outra,
A Lua, significadora natural do alimento, tem uma fome insaciável e o desejo é como a fome do recém-nascido que não distingue o seio materno do mundo.
O desejo que não encontra satisfação é o mundo que não oferece abrigo.
