Dáfnis e Cloé

Daphnis et Chloe – LouiseMarie-Jeanne Hersent

Dáfnis e Cloé, também chamado de “As pastorais”, é um romance escrito por Longo, no século II ou III d.C. O romance, ao estilo bucólico se passa na ilha de Lesbos. Dáfnis e Cloé, duas crianças abandonadas pelos pais, são criadas por pastores, e acabam se conhecendo. Ao longo da narrativa, no convívio diário, as duas personagens vão, aos poucos, se apaixonando uma pelo outra, até que, finalmente, se casam e conhecem, enfim, os prazeres de Eros.
Inicialmente chamado Pastorais, o romance é considerado um idílio bucólico em prosa, mostrando várias características em comum com a lírica bucólica de Safo, Teócirito e Virgílio: cenário rústico e rural, o aspecto suave e delicado, e, sobretudo, pelo colorido poético conferido à narrativa. A trama atemporal, por sua vez, é assinalada pela sucessão das estações do ano, com a passagem dessas estações espelhando o sentimento das personagens. Fixando a narrativa no próprio cenário de origem dos amantes, o autor de Dáfnis e Cloé confere à obra uma situação estática,
característica do cotidiano dos campônios. Esse recurso enseja um maior destaque à força do amor que move as personagens ao longo do relato amoroso, desde os confusos e ingênuos sentimentos da infância até a plena maturidade sexual, e essa sensualidade e erotismo decorrem do envolvimento dos jovens com a natureza, afinal de contas, a personagem maior de toda a trama amorosa. Essas características fazem com que Dáfnis e Cloé se distancie dos demais romances gregos de amor, considerados como narrativas de viagens, onde as grandes aventuras (viagens, sequestros, desencontros, separações etc.) dificultam sobremaneira a concretização do desejo amoroso dos amantes.
Outra característica marcante de Dáfnis e Cloé é a onipresença da religião. Eros aí reina soberano, pois toda a trama do romance converge para o descobrimento do sentimento amoroso. E no desenvolvimento e pleno amadurecimento dos jovens apaixonados também exercem a sua influência as Ninfas, Pã e Dioniso, nesse romance caracterizado, desde o prólogo, como uma sequência de pequenas cenas, uma após a outra, criando assim um grande quadro, uma autêntica “obra de arte”.
Texto retirado da tese de mestrado de Elisa Costa Brandão de Carvalho

The-Idylle(também conhecido como Daphnis-e Chloe) – Jean-leon-Gerome

“…Dáfnis, contudo, não conseguia alegrar sua alma, desde que vira a nudez de Cloé e sua beleza, antes oculta, revelada. Doía-lhe o coração, como se devorado por venenos. Às vezes a respiração lhe saía ofegante, como se alguém o perseguisse, às vezes sufocava, como se extenuada pelas incursões anteriores. E o banho dela parecia-lhe mais temível do que o mar. Julgava que sua alma estava ainda entre os piratas, como jovem que era e camponês, desconhecedor ainda da pirataria do amor.”
Dáfnis e Cloé, de Longo de Lesbos –Livro Primeiro
Tradução Luiz Carlos André MangiaSilva

Publicado por Nicole Zeghbi

Nascida em Curitiba, a astróloga, idealizadora da Astrolábio - Revista de Astrologia, dedica-se ao estudo da astrologia tradicional, à escrita astrológica e à leitura de mapas em atendimento pessoal.

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