A imagem associada ao signo de Capricórnio, a cabra com rabo de peixe, tem origem na Titanomaquia, a guerra entre Zeus os gigantes. Fugindo de Tifão os deuses saltaram no rio Nilo e mudaram sua forma física, artificio para safar-se da perseguição. Pã, o sátiro, deus da natureza, transformou a parte superior de seu corpo em uma cabra e a parte inferior em peixe.
Representado por uma figura humana com orelhas, chifres, cauda e pernas de bode, o deus cujo nome representa “tudo”, é considerado símbolo do universo, sendo o único deus capaz de representar a natureza como um todo.
Vivia sua natureza animal e humana plenamente, era visto frequentemente pela floresta de Arcádia tocando sua flauta, dançando, bebendo e correndo atrás das ninfas para satisfazer a forte libido que o consumia, já que sua aparência afugentava as possibilidades do amor e fazia com que passasse muito tempo nas cavernas e nos bosques, tendo apenas a música de sua flauta como companhia.
A intensidade desenfreada, o corpo meio humano meio animal, assustavam aqueles que precisavam atravessar a floresta. A travessia, solitária e escura, floresta adentro, a perspectiva de se deparar com o “todo” estampado na figura de Pã, causava pavores súbitos aos transeuntes, dando origem a palavra pânico.
Pã, o deus que se transformou na cabra com rabo de peixe é Capricórnio, sua simbologia se liga a esse signo, assim como a Câncer quando recebe Saturno ou Marte.
Capricórnio, signo do elemento terra, age em nome da segurança material. Mas enquanto Touro faz uso da matéria pelas suas possibilidades sensoriais e Virgem estabelece suas ações pelo viés da razão, Capricórnio se utiliza da falta, do que a matéria não é capaz de oferecer para planejar seu caminho.
Sabendo dos limites impostos pela realidade, pela matéria do corpo e da razão, planeja os dias para que nada lhe falte. Diante da escassez ele suporta, a quantidade não lhe interessa, é o status, a qualidade da matéria que, imaginariamente, preencherá seus desvãos.
Se a cabra é o elemento terra, a matéria, o rabo de peixe é aquilo que está além, o que não pode ser vivenciado pelas ferramentas da razão e da sensorialidade física, que depende da percepção e da aceitação da falta latente no fluxo incontrolável da vida.